Histórias das Cruzadas

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

O túmulo de Saladino


Quando Ricardo Coração de Leão abriu mão de sua Cruzada e decidiu regressar à Europa, Saladino, já exaurido devido a intensas e ininterruptas batalhas, se dirigiu a Damasco, sua cidade favorita. Alguns meses depois adoeceu e, em março de 1193, a existência do célebre sultão do Egito e Síria chegava ao fim.

Durante a vida, o ayúbida destinou seus bens para a construção de escolas e hospitais, no Cairo e em Damasco, sobretudo. Quando faleceu, descobriram que não havia recursos sequer para as cerimônias fúnebres. Seus seguidores tiveram, então, que buscar doações e empréstimos para custear o funeral do sultão.

Segundo a lenda, Saladino havia orientado a um de seus asseclas que levasse uma maltrapilha flâmula por Damasco e proferisse as seguintes palavras: “Vede! Em sua morte, o Rei do Oriente não pode levar nada consigo além de apenas este trapo!”

Saladino foi sepultado no jardim do palácio onde passara seus momentos derradeiros. Três anos depois seu corpo foi retirado e transportado para seu recinto definitivo, um mausoléu próximo a Mesquita dos Omíadas, na própria Damasco. O túmulo de Saladino recebeu, ao longo do tempo, visitantes ilustres, que ali estiveram para demonstrar reverência pelo sultão ou mesmo para evidenciar rancores.

Em 1898 o kaiser Guilherme II fora até Damasco para visitar o túmulo de Saladino, de quem havia demonstrado ser admirador. O imperador alemão encontrou o local em péssimo estado de conservação e resolveu financiar uma completa reforma do mausoléu.

Em 1920, quando se apossou de Damasco, o general francês Henri Gouraud visitou o túmulo de Saladino e disse: “Saladino, nós voltamos. Minha presença aqui consagra a vitória da cruz sobre o crescente”.

Um brasileiro ilustre, fascinado por assuntos do Oriente, também fez questão de visitar o local. O Imperador D. Pedro II, em uma de suas viagens, foi até o mausoléu de Saladino e fez o seguinte registro em seu diário: “A um pátio da mesquita está o túmulo do célebre Saladino que fui ver”.












Referências:

As cruzadas vistas pelos árabes (Amin Maalouf)

As viagens do Imperador: Oriente e África do Norte. 1871 e 1876 (Roberto Khatlab)

Guerreiros de Deus: Ricardo Coração de Leão e Saladino na Terceira Cruzada (James Reston Jr.)

Jerusalém: a biografia (Simon Sebag Montefiori)



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