Arnaldo de Torroja foi o nono grão-mestre da Ordem dos Cavaleiros Templários. Sucedeu Odon de Saint-Amand, que fora aprisionado por muçulmanos e morreu no cativeiro. Antes de ser eleito grão-mestre, em 1180, já havia ocupado cargos proeminentes da Ordem e liderou os templários na Espanha e Portugal durante a Reconquista.
Em 1184 Arnaldo regressou para a Europa, acompanhado do grão-mestre do Hospital e do Patriarca de Jerusalém, com o propósito de convencer reis europeus a enviarem reforços para defender a Terra Santa. Arnaldo de Torroja adoeceu durante passagem pela Península Itálica e faleceu em Verona, no ano de 1184. Seu sucessor foi Gerard de Ridefort.
Recentemente, durante obras de restauração na Igreja San Fermo de Maggiori, em Verona, foi descoberto um túmulo com uma cruz templária gravada. Após testes realizados por pesquisadores das universidades de Bolonha e Harvard, conclui-se que os restos mortais contidos ali são de Arnaldo de Torroja. É o único grão-mestre templário a ser encontrado até hoje.
Referências:
Os Templários – Pier Paul Read
https://seuhistory.com/noticias/corpo-de-grao-mestre-da-ordem-dos-templarios-e-encontrado-por-acaso
http://www.voxtempli.org/?p=8319#!prettyPhoto
https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Arqueologia/noticia/2018/04/ossada-de-suposto-grao-mestre-templario-e-analisada-por-arqueologos.html
Histórias das Cruzadas
sábado, 28 de abril de 2018
terça-feira, 24 de abril de 2018
Personagens das Cruzadas: Usama Ibn Munqidh
Usama Ibn Munqidh
Hoje, 23 de abril, é o dia mundial do livro. Aproveitamos a ocasião para relembrar um episódio ocorrido no período das cruzadas, envolvendo um proeminente indivíduo islâmico, que demonstra o valor dado, desde aquela época, a esse valioso objeto.
Usama Ibn Munqidh foi um guerreiro, diplomata e cronista; pertenceu a dinastia dos munquiditas, uma família que controlava a cidade de Shaizar, na Síria. Preterido na sucessão ao posto de emir, deixou Shaizar e começou a frequentar diversas cortes islâmicas, para quais oferecia seus serviços em troca de vantagens pessoais. Constantemente era enviado em missões diplomáticas. Conheceu pessoalmente alguns dos grandes personagens das cruzadas, como Nureddin, Fulque de Anjou, e Saladino, além de outros membros da nobreza ierosomilitana e das ordens militares. Em seus textos, Usama se mostra horrorizado com os hábitos dos francos estabelecidos no Oriente, porém, em contrapartida, escreve de forma favorável aos Cavaleiros Templários, de quem dizia ser amigo.
Em 1156 ocorreu um infortúnio com Usama que o deixou profundamente abalado. Nessa época prestava seus serviços para a corte fatimida do Cairo, onde proliferavam intrigas políticas entre califas e vizires, muitas fomentadas pelo próprio Usama Ibn Munqid. Em uma dessas contendas Usama se viu obrigado a deixar o Cairo junto de sua família; tinham Damasco como destino. Abrigou em uma embarcação boa parte das riquezas que acumulara até então, dentre essas estava sua estimada biblioteca particular, composta por milhares de volumes. O navio foi atacado e capturado. Usama conseguiu escapar com sua família, mas seus pertences foram tomados pelos cruzados. Anos após tal incidente, mostrou consternação ao escrever que: “A notícia de que meus filhos e nossas mulheres estão a salvo tornou mais fácil assimilar o fato de toda a riqueza perdida. Exceto os livros: 4 mil volumes. Um pesar que durou o resto da minha vida.”
A biblioteca de Usama fora confiscada por Amauri, rei de Jerusalém, que a destinou para Guilherme de Tiro, o maior dos cronistas cruzados. Guilherme escrevera que fez uso de fontes árabes na elaboração de suas obras; é, portanto, possível que tanto a biblioteca quanto os textos do próprio Usama tenham sido consultados pelo cronista cristão, sobretudo para suas crônicas acerca das cruzadas e em outra na qual narra a história do islã, trabalho esse que, infelizmente, se perdeu no tempo. No entanto “History of Deeds Done Beyond the Sea”, de Guilherme de Tiro e “The Boook of the Contemplation”, de Usama Ibn Munqidh estão disponíveis no mercado e são presenças constantes na bibliografia de todos os historiadores que escreveram sobre as cruzadas.
Usama terminou seus dias em Damasco, aos 93 anos de idade. Foi sepultado em algum lugar do Monte Qasioun, na própria Damasco.
Referências:
Jerusalém: a biografia - simon Sebag Montefiore
As cruzadas vistas pelos árabes – Amin Maalouf
Os templários – Piers Paul Read
Imagens:
Ruínas da Fortaleza de Shaizar e Monte Qasioun, na Síria
Hoje, 23 de abril, é o dia mundial do livro. Aproveitamos a ocasião para relembrar um episódio ocorrido no período das cruzadas, envolvendo um proeminente indivíduo islâmico, que demonstra o valor dado, desde aquela época, a esse valioso objeto.
Usama Ibn Munqidh foi um guerreiro, diplomata e cronista; pertenceu a dinastia dos munquiditas, uma família que controlava a cidade de Shaizar, na Síria. Preterido na sucessão ao posto de emir, deixou Shaizar e começou a frequentar diversas cortes islâmicas, para quais oferecia seus serviços em troca de vantagens pessoais. Constantemente era enviado em missões diplomáticas. Conheceu pessoalmente alguns dos grandes personagens das cruzadas, como Nureddin, Fulque de Anjou, e Saladino, além de outros membros da nobreza ierosomilitana e das ordens militares. Em seus textos, Usama se mostra horrorizado com os hábitos dos francos estabelecidos no Oriente, porém, em contrapartida, escreve de forma favorável aos Cavaleiros Templários, de quem dizia ser amigo.
Em 1156 ocorreu um infortúnio com Usama que o deixou profundamente abalado. Nessa época prestava seus serviços para a corte fatimida do Cairo, onde proliferavam intrigas políticas entre califas e vizires, muitas fomentadas pelo próprio Usama Ibn Munqid. Em uma dessas contendas Usama se viu obrigado a deixar o Cairo junto de sua família; tinham Damasco como destino. Abrigou em uma embarcação boa parte das riquezas que acumulara até então, dentre essas estava sua estimada biblioteca particular, composta por milhares de volumes. O navio foi atacado e capturado. Usama conseguiu escapar com sua família, mas seus pertences foram tomados pelos cruzados. Anos após tal incidente, mostrou consternação ao escrever que: “A notícia de que meus filhos e nossas mulheres estão a salvo tornou mais fácil assimilar o fato de toda a riqueza perdida. Exceto os livros: 4 mil volumes. Um pesar que durou o resto da minha vida.”
A biblioteca de Usama fora confiscada por Amauri, rei de Jerusalém, que a destinou para Guilherme de Tiro, o maior dos cronistas cruzados. Guilherme escrevera que fez uso de fontes árabes na elaboração de suas obras; é, portanto, possível que tanto a biblioteca quanto os textos do próprio Usama tenham sido consultados pelo cronista cristão, sobretudo para suas crônicas acerca das cruzadas e em outra na qual narra a história do islã, trabalho esse que, infelizmente, se perdeu no tempo. No entanto “History of Deeds Done Beyond the Sea”, de Guilherme de Tiro e “The Boook of the Contemplation”, de Usama Ibn Munqidh estão disponíveis no mercado e são presenças constantes na bibliografia de todos os historiadores que escreveram sobre as cruzadas.
Usama terminou seus dias em Damasco, aos 93 anos de idade. Foi sepultado em algum lugar do Monte Qasioun, na própria Damasco.
Referências:
Jerusalém: a biografia - simon Sebag Montefiore
As cruzadas vistas pelos árabes – Amin Maalouf
Os templários – Piers Paul Read
Imagens:
Ruínas da Fortaleza de Shaizar e Monte Qasioun, na Síria
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