Histórias das Cruzadas

domingo, 14 de outubro de 2018

Robert the Bruce: o verdadeiro coração valente


Quando o então rei, Alexandre III, faleceu sem deixar sucessor, algumas nobres famílias passaram a disputar o trono escocês, dentre esses estavam os Bruce. Os conflitos favoreceram ao domínio que a Inglaterra impunha àquela região. Nessa mesma época um famoso insurgente, Willian Wallace, liderou alguns levantes contra os ingleses.


Ao ver que alguns clãs se sobressaíam nessas disputas, o pai de Robert the Bruce uniu forças com o rei inglês, Edward I, para suprimir seus rivais, em especial os Balliol que predominavam nas contendas. Em 1304, após a morte de seu pai, Robert the Bruce passou a reivindicar a coroa. Em 1306, Robert se encontrou com John Comyn, outro aspirante ao trono, na Igreja Greyfriars; Bruce o assassinou em pleno altar, fato que o levou a ser imediatamente excomungado pelo Papa da época.
Robert the Bruce fora coroado rei em uma discreta e rápida cerimônia, em 1306. Esse acontecimento fez com que Edward I enviasse tropas para derrotá-lo; vários de seus familiares foram mortos ou capturados pelo rei inglês. Teve que enfrentar também a família e aliados de John Comyn. Com forças muito inferiores as de seus adversários, Bruce se retirou por um tempo, buscou refúgio nas regiões mais altas da Escócia, onde conseguiu organizar pequenas tropas e obter alguns êxitos em guerrilhas. Venceu todos seus adversários ao trono escocês, que não tiveram outra opção a não ser apoiá-lo.
Em 1314 houve a batalha de Bannockburn, onde os escoceses unidos em torno de Robert the Bruce venceram o exército inglês. Consta que o número de combatentes ingleses era três vezes maior que o contingente escocês. Essa vitória significou a autonomia e estabilidade para a Escócia. Nos anos seguintes Felipe da França reconheceu Robert como legítimo soberano da Escócia; o Papa João XXII anulou sua excomunhão, entretanto sem reconhecê-lo como rei; Edward II, por sua vez, assinou um termo reconhecendo a independência da Escócia.
Após tantas lutas, Robert the Bruce acabou acometido por uma das mais temidas doenças da Idade Média: a lepra. A degeneração física causada pela enfermidade o levou a se afastar do convívio social, só recebia pessoas mais próximas. Robert faleceu em 1329, seu corpo foi enterrado na Abadia Dunfermline Abbey, ao lado de sua esposa Elizabeth. Em seu leito de morte fez um último pedido a seu fiel amigo, James Douglas: que seu coração fosse retirado de seu corpo e levado pelos melhores guerreiros escoceses em uma cruzada para Jerusalém e que lá fosse enterrado. Para Bruce, seria uma forma de expiar seus pecados. O coração de Robert the Bruce fora, então, embalsamado e colocado em pequena urna de prata. Entretanto, a última vontade do rei não poderia ser atendida, pois não haveria mais nenhuma cruzada para o Oriente. A Terra Santa estava perdida de forma definitiva.
A oportunidade de realizar o desejo de Robert viria através de um convite do rei da Espanha, que havia mandado emissários em toda Europa recrutando tropas para combater os “infiéis” muçulmanos na Península Ibérica, conflitos esses que também passaram a ser consideradas como cruzadas. James Douglas e um seleto grupo de combatentes escoceses atenderam ao chamado de Alfonso XI e foram recebidos com grande pompa pelo rei, que a essa altura já sabia do propósito daqueles guerreiros. Partiram para o enfretamento no Reino de Granada, a urna com o coração de Bruce havia se tornado o estandarte das tropas. Em determinado momento da batalha, segundo reza a lenda, James Douglas, tirou o coração da urna e o lançou na direção dos adversários e partiu contra os muçulmanos, dizendo: “mostre-me o caminho, coração valente, como sempre fazias, que eu te seguirei ou morrerei”. Ambas as coisas aconteceram. Os escoceses deram sua missão como encerrada, voltaram para casa levando consigo o corpo de Douglas e o coração de Robert, recolhidos no campo de batalha; chegando a seu país deram a notícia de que Robert the Bruce havia lutado contra o infiel e sua alma, enfim, poderia repousar em paz. O coração do rei foi enterrado na abadia de Melrose, na Escócia.



Referências:
Destino Escócia. Robert the Bruce (1274-132). Disponível em: <http://destinoescocia.com/robert-the-bruce-1274-1329/>. Acesso em: 15 de abril de 2016.
Historia de Iberia Vieja. El corazón “español” de Braveheart. Disponível em: <http://www.historiadeiberiavieja.com/…/corazon-espanol-brav….> Acesso em: 15 de abril de 2016.
VELASCO, Manuel. Robert the Bruce, El corazón de Escocia en España. Disponível em: <http://articulosdemanuelvelasco.blogspot.com.br/…/robert-br…>. Acesso em: 15 de abril de 2016.

Imagens:

Estátua equestre em bronze do rei Robert the Bruce, esculpida por Charles D`O Pilkington Jackson. Disponível em: https://vanguardldrship.wordpress.com/2013/07/
Sepultura de Robert the Bruce, Abadia de Dunfermline Abbey. Disponível em: http://www.lockharts.com/2010/01/05/the-heart/




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