Quando o então rei, Alexandre III, faleceu sem deixar sucessor,
algumas nobres famílias passaram a disputar o trono escocês, dentre esses
estavam os Bruce. Os conflitos favoreceram ao domínio que a Inglaterra impunha
àquela região. Nessa mesma época um famoso insurgente, Willian Wallace, liderou
alguns levantes contra os ingleses.
Ao ver que alguns clãs se sobressaíam nessas disputas, o pai de
Robert the Bruce uniu forças com o rei inglês, Edward I, para suprimir seus
rivais, em especial os Balliol que predominavam nas contendas. Em 1304, após a
morte de seu pai, Robert the Bruce passou a reivindicar a coroa. Em 1306,
Robert se encontrou com John Comyn, outro aspirante ao trono, na Igreja
Greyfriars; Bruce o assassinou em pleno altar, fato que o levou a ser
imediatamente excomungado pelo Papa da época.
Robert the Bruce fora coroado rei em uma discreta e rápida
cerimônia, em 1306. Esse acontecimento fez com que Edward I enviasse tropas
para derrotá-lo; vários de seus familiares foram mortos ou capturados pelo rei
inglês. Teve que enfrentar também a família e aliados de John Comyn. Com forças
muito inferiores as de seus adversários, Bruce se retirou por um tempo, buscou
refúgio nas regiões mais altas da Escócia, onde conseguiu organizar pequenas
tropas e obter alguns êxitos em guerrilhas. Venceu todos seus adversários ao
trono escocês, que não tiveram outra opção a não ser apoiá-lo.
Em 1314 houve a batalha de Bannockburn, onde os escoceses unidos
em torno de Robert the Bruce venceram o exército inglês. Consta que o número de
combatentes ingleses era três vezes maior que o contingente escocês. Essa
vitória significou a autonomia e estabilidade para a Escócia. Nos anos
seguintes Felipe da França reconheceu Robert como legítimo soberano da Escócia;
o Papa João XXII anulou sua excomunhão, entretanto sem reconhecê-lo como rei;
Edward II, por sua vez, assinou um termo reconhecendo a independência da
Escócia.
Após tantas lutas, Robert the Bruce acabou acometido por uma das
mais temidas doenças da Idade Média: a lepra. A degeneração física causada pela
enfermidade o levou a se afastar do convívio social, só recebia pessoas mais
próximas. Robert faleceu em 1329, seu corpo foi enterrado na Abadia Dunfermline
Abbey, ao lado de sua esposa Elizabeth. Em seu leito de morte fez um último
pedido a seu fiel amigo, James Douglas: que seu coração fosse retirado de seu
corpo e levado pelos melhores guerreiros escoceses em uma cruzada para
Jerusalém e que lá fosse enterrado. Para Bruce, seria uma forma de expiar seus
pecados. O coração de Robert the Bruce fora, então, embalsamado e colocado em
pequena urna de prata. Entretanto, a última vontade do rei não poderia ser
atendida, pois não haveria mais nenhuma cruzada para o Oriente. A Terra Santa
estava perdida de forma definitiva.
A oportunidade de realizar o desejo de Robert viria através de
um convite do rei da Espanha, que havia mandado emissários em toda Europa
recrutando tropas para combater os “infiéis” muçulmanos na Península Ibérica,
conflitos esses que também passaram a ser consideradas como cruzadas. James
Douglas e um seleto grupo de combatentes escoceses atenderam ao chamado de
Alfonso XI e foram recebidos com grande pompa pelo rei, que a essa altura já
sabia do propósito daqueles guerreiros. Partiram para o enfretamento no Reino
de Granada, a urna com o coração de Bruce havia se tornado o estandarte das
tropas. Em determinado momento da batalha, segundo reza a lenda, James Douglas,
tirou o coração da urna e o lançou na direção dos adversários e partiu contra
os muçulmanos, dizendo: “mostre-me o caminho, coração valente, como sempre
fazias, que eu te seguirei ou morrerei”. Ambas as coisas aconteceram. Os
escoceses deram sua missão como encerrada, voltaram para casa levando consigo o
corpo de Douglas e o coração de Robert, recolhidos no campo de batalha;
chegando a seu país deram a notícia de que Robert the Bruce havia lutado contra
o infiel e sua alma, enfim, poderia repousar em paz. O coração do rei foi
enterrado na abadia de Melrose, na Escócia.
Referências:
Destino Escócia. Robert the Bruce (1274-132). Disponível em: <http://destinoescocia.com/robert-the-bruce-1274-1329/>.
Acesso em: 15 de abril de 2016.
Historia de Iberia Vieja. El corazón “español” de Braveheart.
Disponível em: <http://www.historiadeiberiavieja.com/…/corazon-espanol-brav….>
Acesso em: 15 de abril de 2016.
VELASCO, Manuel. Robert the Bruce, El corazón de Escocia en
España. Disponível em: <http://articulosdemanuelvelasco.blogspot.com.br/…/robert-br…>.
Acesso em: 15 de abril de 2016.
Imagens:
Estátua equestre em bronze do rei Robert the Bruce, esculpida por Charles D`O Pilkington Jackson. Disponível em: https://vanguardldrship.wordpress.com/2013/07/
Sepultura de Robert the Bruce, Abadia de Dunfermline Abbey. Disponível em: http://www.lockharts.com/2010/01/05/the-heart/
Nenhum comentário:
Postar um comentário